abril 06, 2025

NARCISISMO - Adilson Zotovici


Observo a atitude

E só faço algum juízo

Pela ausência da virtude

Que com frequência diviso


Cuido para não ser rude

A quem como  tal balizo

Não conter a inquietude

Quem d’Arte Real tem siso


A vaidade amiúde

Tantas auto imagens, friso,

Insanidade à saúde


Perplexo me escandalizo

Na exposição que alude

O ¨complexo de Narciso¨ !



EGRÉGORA MAÇÔNICA - Ubyrajara de Souza Filho




Pertenço ao grupo de irmãos que citou várias vezes “egrégora” em suas “Peças de Arquitetura”, inclusive em livro editado: em um tópico sobre a “Cadeia de União”. Os depoimentos de vários irmãos e as leituras de diversos textos destacando os benefícios daquela forma de energia e de seus efeitos sobrenaturais marcaram um significativo período de minha vida maçônica.

Entretanto, com o passar dos anos, persistindo em minha caminhada pela “busca da verdade‟, depararei com diversos textos, estudos e opiniões de outros pesquisadores maçônicos contestando o disseminado conceito de “egrégora‟. Diante de minha inquietude, resolvi arregaçar as mangas e realizar uma pesquisa pessoal sobre o tema.

Debrucei-me sobre vários textos: artigos, livros, citações etc. (maçônicas e não maçônicas), e procurei o “confronto‟ entre os pensadores. Em nome da verdade, devo admitir que não encontrei absolutamente nada que comprove, justifique ou explique de forma coerente e racional a existência das “egrégoras”.

Inicialmente, vale o registro de que não encontrei o termo “egrégora” em nenhuma passagem nas versões na língua portuguesa de alguns principais Livros Sagrados que pesquisei: a Bíblia (católica e protestante), o Torá, o Bhagavad-Gita e o Alcorão; e nem em livros referentes ao kardecismo (“O Evangelho segundo Kardec”) e budismo (“A Bíblia do Budismo”).

Nenhuma dessas obras relacionadas fazem qualquer citação ao termo “egrégora”. Da mesma forma, afirmo que nenhum dos rituais maçônicos que tive acesso, nos três graus simbólicos: Schröder, REAA, YORK, Brasileiro e Moderno, assim como os rituais dos Altos Graus do REAA e do Brasileiro, em nenhum deles, aparece a citação do termo “egrégora‟, muito menos de suas benesses.

Após complementar a pesquisa com diversas consultas à internet, conclui que existe um consenso entre os irmãos que questionam o uso do termo “egrégoras” na Maçonaria, de que o seu aparecimento no meio esotérico remonta a 1824 com o ocultista Eliphas Levi que a definiu como “capitães das almas”, e que, posteriormente, teve o seu sentido “adaptado‟ às diversas interpretações esotéricas místicas-ocultistas que foram agregadas à Maçonaria ao longo dos anos por autores maçônicos franceses que, ao final do século XIX, insistiram em transformar a Maçonaria em um braço esotérico do espiritismo, tal como os seus antecessores ingleses insistiram em cristianizá-la.

As doutrinas que aceitam a existência das “egrégoras”, de diferentes formas, afirmam que elas estão presentes em todas as coletividades, sejam nas mais simples associações, ou mesmo nas assembléias religiosas, “plasmada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais dos membros do grupo, na forma de uma poderosa entidade autônoma que adquire individualidade e interfere nas vidas e nos destinos das pessoas, sendo capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora”.

Após ler e refletir bastante sobre o tema fiz algumas observações e alguns questionamentos que divido com os irmãos. Não considero nenhum absurdo aceitar que a reunião de várias pessoas, mentalizando e direcionando os seus pensamentos para o alcance de um objetivo comum possa gerar uma energia “positiva‟ que proporcionará “aos membros desse grupo‟ uma sensação de bem estar, de alívio de tensão ou algo similar; também aceito que o contato físico – como na Cadeia de União – amplie essas sensações, pois serve para renovar e fortalecer o companheirismo que deve existir entre os irmãos, relembrando-lhes sempre que o objetivo primário da Maçonaria é nos unir de modo que formemos um só corpo, uma só vontade e um só espírito. 

Mas, como aceitar, ou crer, que a “energia‟ emanada de nossas mentes possa plasmar uma “entidade‟ movida por vontade própria que irá interferir – para o bem ou para o mal – nas vidas e nos destinos das pessoas? 

Ou que seja capaz de realizar no mundo visível as suas aspirações transmitidas ao mundo invisível pela coletividade geradora. Como isso poderia acontecer sem considerarmos o fator “sobrenatural‟?

Aceitar tal fato, sem questionamento, é fugir do racional. É mais lógico fundamentar essa crença à interferências de conceitos superficiais ou subjetivos ligados a superstição, que não necessitam ser demonstrados, mas nos proporcionam uma falsa sensação de segurança. 

A maçonaria nos orienta a não nos entregarmos às superstições; logo, não podemos desprezar a lógica e a razão aceitando passivamente ilusórias promessas de felicidade e proteção advindas de “entidades‟ sobrenaturais plasmadas em nossas sessões.

Concluindo, entendo que as chamadas “egrégoras” são quimeras sustentadas por forças motivadoras da superstição, e como tal se deve evitar a utilização dessa expressão na maçonaria, de modo a não contribuirmos à perpetuação e validação de uma falsa “entidade psíquica‟ gerada pela equivocada crença no desconhecido, que, na verdade, camufla a necessidade de mantermos um controle racional sobre os nossos temores. Mas essa decisão é pessoal e passa pela conscientização de cada um.

O maçom deve ser livre para investigar a verdade, crer naquilo que melhor lhe confortar, e deve utilizar as suas “descobertas‟ para o seu próprio crescimento pessoal. As palavras, e até mesmo os equivocados conceitos por trás delas, se esvaecem ante o objetivo maior da maçonaria de formar livres pensadores.

abril 05, 2025

O BLOG - Newton Agrella


592.000 VISUALIZAÇÕES


Publicado hoje no Grupo da Academia Internacional de Macons Imortais


Cabe aquí, neste democrático espaço acadêmico, em que a cultura literária exerce inequívoco protagonismo, renovar nosso reconhecimento ao BLOG de nosso sapiente e querido Irmão MICHAEL WINETZKI, o qual se constitui numa verdadeira fonte de pesquisas e referências para todos os nossos Irmãos.


O BLOG, que já atingiu números impressionantes de acessos, enseja ao leitor navegar pelos mais variados temas maçônicos e filosóficos.


Sejam através de crônicas, poesias, narrativas ou dissertações, fato é, que sua pluralidade cultista e conceptista, satisfaz plenamente as necessidades daqueles que o acessam, na busca de mais conhecimento !


Fraternalmente

*NEWTON AGRELLA*

TU ÉS UM MAÇOM REGULAR ? - Liber Grinmoire

 


Nunca houve essa pergunta nos graus de qualquer ritual maçônico da antiguidade ou da atualidade.

A questão da Regularidade Maçônica tem sido a principal luta priorizada pelas organizações maçônicas, as quais se voltaram unicamente para a burocracia e apegos superficiais, esquecendo-se da necessidade do aperfeiçoamento interior.

É lamentável ver maçons imorais, arrogantes, cheios de vícios e defeitos, galgarem os graus maçônicos, sem saberem qualquer significado das lendas ou dos personagens, sem retificarem sua moral, sua conduta social, arrogando-se “maçom regular” e imputando aos outros o anátema de “maçom irregular” ou “espúria”.

Para estes maçons, importa primeiramente saber, antes de qualquer coisa, qual a Loja Simbólica ou Potência/Obediência Maçônica a qual se está filiado, do que avançar no diálogo calcado em conhecimento histórico, simbólico e místico da Maçonaria. São os considerados “MAÇONS DE PAPEL”, que priorizam a carteira de identificação, o certificado de graus, atestados e declarações, os quais se encontram todos em suas paredes para exibição.

Mas afinal, o que significa “ser maçom regular?”.

Num tempo não longínquo, na época em que os pedreiros se reuniam em tavernas ou nos átrios de igrejas, ou ainda em campo aberto, seria impróprio perguntar a um irmão – “és maçom regular?”.

Não havia qualquer templo para reunião periódica, porque nem periodicidade era obrigatória entre os maçons.

Os templos, atendendo a um conceito contemporâneo, somente foram institucionalizados em 1726, mas inicialmente com muitas reservas.

Não havia “grau superior ou filosófico” ou mesmo o grau de mestre. Inexistiam os paramentos mais complexos, o painel do grau (que eram apenas um desenho riscado no chão, a giz ou com carvão), as colunas, os nós, os degraus, a balaustrada, os altares, enfim… a instituição maçônica era formada mais de irmãos do que forjada de aparências. O que antes era impensável e motivos de repulsa hoje se digladiam para saber quem é e quem não é “regular”

Ultrapassado o preconceito de achar que Maçonaria sempre existiu tal como é hoje, ainda há a questão da regularidade. É evidente que ambos os termos “regular” ou “irregular” significam CONCEITOS DE EXCLUSÃO. Ou seja, quem é regular deverá atender ou atentar para as regras, normas, estatutos, formalidades exigidas de quem se presta a “conceder” a regularidade. Assim, essa disciplina gera subordinação, dominação, submissão a determinado conjunto de normas, usos, costumes da Obediência da qual se pressupõe a regularidade. Mas…

Quem foi a primeira “Potência Regular”

Foi a dos Estados Unidos que organizou o primeiro Supremo Conselho ou a da Inglaterra, onde aparentemente se estruturou a primeira Loja ou Primeiro Grão- Mestrado

Será menos “regular” a França que teve os pedreiros livres em seu seio antes mesmo dos Estados Unidos virarem um país independente?

E o que dizer no Brasil? Será “regular” o Oriente mais antigo, com ou sem vários reconhecimentos internacionais ou as Grandes Lojas Estaduais, que se rebelaram daquele primeiro Oriente, fundando suas próprias Potências

Qual das rupturas políticas gerou a “potência mais regular”?

E acaso se reconhecem uma a outra que convivem há décadas?

Observa-se que “regularidade” depende da instituição, conselho, congregação, para os quais se voltam o agrupamento que busque esse título “Regular”. Esse procedimento é como tudo o mais na vida, vinculante à coerência.

Uma potência pode se dizer “regular”, quando outra vizinha não a reconhece?

Afinal, será que a regularidade maçônica está sob o jugo e o cabresto de um conjunto de outras potências externas, elas mesmas lutando por ser “mais regular e reconhecida” que a outra?

Por óbvio, o raciocínio nesse diapasão não poderá prosperar, porquanto teremos a seguinte situação:

“Uma potência brasileira “X”, do século XIX se diz regular, da qual nasceu uma potência brasileira “Y”, por meio de um rompimento no século XX. Essa potência “Y” não é regular para a potência “X”, mas por ter sido reconhecida por um Supremo Conselho Internacional, o será para todas as potências ligadas a este Supremo Conselho, enquanto que a potência “X” torna-se irregular para este Supremo Conselho Internacional e suas demais Potências…”

E então, como ficamos?

Ora, persistindo neste grande erro, a Obediência será e não será regular dependendo da conveniência política da ocasião, da instituição que a reconhece, dos interesses em jogo, da penetração social disposta no tabuleiro

Como a maçonaria chegou a este ponto

Onde ela errou tanto?

Como conseguiram desvirtuar a Maçonaria dessa forma

Infelizmente hoje observamos Maçons corrigirem Maçons, dizendo o que é “certo” e o que é “errado”, mesmo que a história demonstre que nunca houve nada além de Lojas livres, sem subordinação, sem obediências.

É uma ignorância sem fim ver os doutos expedirem os pareceres sobre cores, colunas, nós, altares, disposição de oficiais, joias
, usos e costumes, e toda essa pletora de práticas que se compõe um ritual, o qual já sofreu centenas de modificações ao longo do tempo, por razões das mais diversas.

Foram tantas as mudanças e eram tantas as vertentes locais, regionais e nacionais, ritos dos mais diversos que não há como afirmar quem é regular ou irregular. Há os princípios gerais e só. Mais do que isso é fantasiar a história e mistificar a própria Obediência que sempre se arroga como “antiga, regular, aceita” e outros adjetivos. 

Na verdade, tais qualificações são apenas excludentes.

Afirmamos sem medo de errar que a estrutura profana tem dominado algumas potências maçônicas ditas regulares. Tribunais, Ministério Público, Defensoria, Conselhos, Tratados, Direito Maçônico, Jurisprudência, Atas, Secretarias, carimbos, carteiras.

Qual a origem disso tudo?

É tradição ou criação moderna?

Então, resta a pergunta: – Tu és um maçom regular?

Como responder

É muito simples, ao contrário do que parece.

Para a Maçonaria Universal, MAÇOM REGULAR é aquele que:

1) Estuda com frequência e conhece o significado dos símbolos do seu próprio Rito.

2) É assíduo na loja da qual é filiado, arcando com todas as obrigações para com sua própria potência ou Rito.

3) Reflete e aplica na própria vida os ensinamentos adquiridos na loja que frequenta.

4) Estende a mão a outro irmão, quando necessário, sem atender à coloração política.

5) Transforma a sociedade ao seu redor, atuando positivamente para a fraternidade e liberdade.

6) Julga-se igual ao seu semelhante, não fazendo distinção de credo, raça, religião ou orientação política.

7) É um exemplo de vida e de compostura diante da sociedade.

8) Aplaina as divergências e fomenta o consenso, ainda que se despisse de vaidades.

9) É discreto quanto à sua própria condição.

10) Está preparado para a transição para o Oriente Eterno (morte), preparando os seus familiares e todos que estão à sua volta.

Todos os Maçons, Ritos e Potências que se enquadram nos princípios supracitados são regulares, sem necessidade de certificados ou tratados. Não é preciso qualquer certidão na parede para dizer ao público que se é HONESTO, assim como os atestados de regularidade são plenamente sem valor quando a potência ou a loja semeia cizânia, discrimina ou exclui.

A família do “irregular” vive contendas; Sua loja não pode contar com ele, porque não sabe se comparece ou não; Ele abandona sua loja, após galgar o grau pretendido; Ele deixa de estudar, de escrever, de dialogar, de palestrar, de conviver, tornando-se um poço de preconceitos sem qualquer explicação razoável

“Ser regular” é ser honesto consigo mesmo e com o grupo a que se deve fidelidade. É simples, meus irmãos, é fácil e é ético

Não deixe com que a “maçonaria de papel” vos contamine. Seja um homem livre e de bons costumes. Seja, pois, regular primeiro consigo e para com os seus…”.



TREM DA VIDA - Joab Nascimento


I

Durante a nossa existência,

Que chamamos trem da vida,

Não sabemos da chegada, 

Muito menos da partida,

Uns nascem, pra ser vagão,

Seguem qualquer direção,

Que o condutor traçar,

O comboio vai seguindo,

Pra qualquer lugar tá indo,

Sem saber se vai chegar.

II

É assim nosso destino,

Desde o dia em que nascemos,

Vamos seguindo em frente,

Sem saber porque vivemos,

Nascer, viver e morrer,

Para depois renascer,

Numa outra oportunidade,

A lei da causa e efeito,

É um motivo perfeito,

Pra buscar felicidade.

III

Cada comboio transporta,

Alegrias, desilusões,

Aventuras, desafios,

Nas mais diversas missões,

Tempestades, trovoadas,

As noites enluaradas,

Com estrelas a brilhar,

Muitos momentos de glórias,

Nas derrotas e vitórias,

Mas no fim irás chegar.

IV

Seja sua locomotiva,

Jamais queira ser vagão,

Faça o seu próprio trajeto,

Obedeça a sua razão,

Trilhe o seu próprio caminho,

É melhor andar sozinho,

Do que mal acompanhado,

Se errar, tente outra vez,

Repita com altivez,

Não se dê por derrotado.

V

Na viagem só existem,

Dois caminhos a seguir,

Você que vai escolher,

Um pouco antes de partir,

No caminho da bondade,

O amor e a caridade,

Sempre irão te acompanhar,

No caminho da maldade,

O ódio e a perversidade,

Irão te violentar.

VI

Ao fazer sua viagem,

Deixe o seu lado obscuro,

Escondido no armário,

Ou num buraco escuro,

Admire a natureza,

Veja toda sua beleza,

Espraiando a sua frente,

Aprenda amar cada flor,

Seja alguém de puro amor,

Purificando a sua mente.

VII

Destrua todo egoísmo,

Que domina a humanidade,

Acabe o egocentrismo,

Que existe na sociedade,

Nessa sua longa viagem,

Leve amor e coragem,

Se embriague com seu sonho,

Busque sua felicidade,

Através da humildade,

Deixe o seu lado bisonho.

VIII

O que não pode faltar:

Vontade e persistência,

Perseverança, firmeza,

Um pouco de paciência,

Fique atento e astuto,

Mesmo que seja matuto,

Nunca se deixe enganar,

Cada esquina um inimigo,

Pode lhe por em perigo,

Querendo lhe derrubar.

IX

Não deixe o seu lado escuro,

Dos seus olhos, ser a venda,

Enxergue com coração,

Não deixe o real, ser lenda,

Às vezes tá do seu lado,

Seu sonho, tão procurado,

Você não consegue ver,

Sua maldade é cegueira,

Sua eterna companheira,

Enquanto você viver.

X

Nos caminhos percorridos,

Muita coisa irá mudar,

Às paisagens, às pessoas,

Mas devemos continuar,

Em nossa busca constante,

O trem vai seguindo adiante,

Não pode retroceder,

Todos somos passageiros,

De nós, os próprios obreiros,

Lutando para aprender.

XI

Leve na locomotiva,

O que tem do seu melhor,

Transporte amor, alegria,

Se desprenda do pior,

Semeie em cada vagão,

Paz em cada coração,

Siga em busca do progresso,

Caminhe com retidão,

Que no final da missão,

Encontrarás o sucesso.



abril 04, 2025

AUGUSTOS MISTÉRIOS - Newton Agrella


 

O substantivo abstrato MISTÉRIO tem sua origem no Grego MYSTERYON,  passando pelo Latim MYSTERIUM.

A etimologia em si,  refere-se ao verbo grego MYEIN, que significa "fechar".

O termo em Grego fazia referência  a  "rito ou doutrina secreta" e dele advém MYSTES que significa "pessoa  iniciada em segredos",  posto que metaforicamente ela fechava os olhos e a boca para não ver nem revelar os segredos que tinha aprendido.

Eis aí, um dos Simbolismos mais contundentes da Sublime Ordem.

Aliada à palavra MISTÉRIO, a Maçonaria adotou como termo qualificativo o adjetivo AUGUSTO - do Latim "AUGUSTUS", cujo significado é  "majestoso", "venerável", "exaltado".

Desse modo, a expressão "AUGUSTOS MISTÉRIOS" ganhou pompa e circunstância e tornou-se um solene  referencial para descrever o profundo caráter filosófico, intelectual, espiritual e especulativo da Maçonaria.

O imenso arcabouço de símbolos, alegorias, palavras, toques e sinais que envolvem a Sublime Ordem como substrato de sua existência, que devem ser preservados em sigilo e confidencialidade explicam o porquê da referida expressão.

Isto sem contar seu espírito hermético que responde pelo conteúdo de seus significados,  além, é claro,  do juramento ou compromisso a que o Iniciado se submete.

Os AUGUSTOS MISTÉRIOS dizem respeito a tudo quanto está oculto por um símbolo, que o indica, mas ao mesmo tempo o encobre.  

Esses Mistérios residem na experiência pessoal, única e intransferível, que cada maçom vivencia ao longo de sua trajetória. 



abril 03, 2025

FILÓSOFO CHINÊS LING YU TANG





“Você já não tem muitos anos para viver, e além disso não poderá levar nada quando for embora, por isso deve ser poupado mas sem sacrificar seu bem-estar.”

“Gaste o dinheiro que precisa ser gasto, aproveite o que precisa ser aproveitado e doe o que for possível.

“Não se preocupe com o que acontecerá quando você for embora, porque quando você se tornar pó, não sentirá se você é elogiado ou criticado, se você é visitado no cemitério ou se você é esquecido. “

“O tempo para aproveitar a vida é este momento, e os bens que você tão dificilmente ganhou deve desfrutá-los. “

“Não se preocupe muito com seus filhos, pois eles terão seu próprio destino e encontrarão seu próprio caminho. “

“Cuide, especialmente dos seus netos, ame-os, mime-os, e tente desfrutá-los enquanto pode.”

“Acorde diariamente para desfrutar de mais um dia de vida sem brigas com ninguém ou rancor.”

“Não espere muito dos seus filhos.”

“Os filhos, embora se preocupem com os pais, também estarão continuamente ocupados com seus trabalhos, seus compromissos e com sua própria vida. “

“Muitos filhos que não se importam com seus pais, lutarão pelos seus bens mesmo quando ainda estiverem vivos, e desejarão que logo deixem esta vida para poder herdar suas propriedades e riqueza.”

“Se você já tem 65 anos ou mais, não troque sua saúde por riqueza trabalhando em excesso, pois estará cavando sua sepultura precoce. “

“De mil hectares semeados de arroz, você só pode consumir 1/2 xícara diária, e de mil mansões, você só precisa de um espaço de 8 metros quadrados para descansar à noite, então se você tem comida e algum dinheiro para suas necessidades, não precisa de mais.”

“Tente viver feliz, pois você só tem uma vida. “

“Não se compare com os outros medindo sua fama, seu dinheiro ou seu status social, ou se ufanando por ver os filhos de quem são mais bem sucedidos, e em vez disso, desafie seus filhos a alcançar felicidade, saúde, alegria e qualidade de vida. “

“Aceite as coisas que você não pode mudar, pois se você se importar demais, você pode estragar sua saúde.”

“Crie seu próprio bem-estar e encontre sua própria felicidade, fazendo coisas que te divertem e alegrem diariamente.

“Um dia sem felicidade, é um dia que você perde.”

“ Tendo bom ânimo, a doença se curará, mas tendo um espírito alegre, a doença se curará mais rápido, ou nunca se aproxima.

“Com bom caráter, exercício adequado, alimentos saudáveis e um consumo razoável de vitaminas e minerais, você terá vida saudável e agradável. “

“Mas acima de tudo, aprenda a apreciar a bondade em tudo, na família e amigos, pois eles farão você se sentir jovem, revivendo os bons momentos, e as passagens interessantes da sua vida.

“Dizem que na vida quem perde o telhado ganha as estrelas e assim é.

“O tempo e as oportunidades são como a água de um rio, que você nunca poderá tocá-la duas vezes, porque já passou e nunca mais vai acontecer.

“Aproveite cada minuto da sua vida e não rejeite as oportunidades de conhecer o mundo e desfrutar das coisas boas da vida, pois elas podem nunca mais ser apresentadas a você.”

“Nunca repare na aparência, porque ela muda com o tempo.”

“Não procure a pessoa perfeita, porque essa não existe. 

“Procure se desejar, alguém que te valorize como pessoa, e se não a encontrar, desfrute da sua solidão que é muito melhor do que uma má companhia.”


abril 02, 2025

QUEM FOI LÉO TAXIL - Alfério Di Giaimo Neto


Quem era a Leo Taxil e qual era sua ligação com a Maçonaria, na Europa?

Gabriel Jogang Pagés, francês nascido em 1854, com o pseudônimo de Leo Taxil, foi educado por Jesuítas e mais tarde se juntou a Maçonaria. Posteriormente, ele pediu demissão e retornou para a fé católica. Começou a escrever contra a Maçonaria dizendo que a mesma praticava cultos satânicos, acentuando a discordância entre esta última e o Clero.

De 1885 a 1897 ele publicou muitos livros anti-maçônicos e durante esse período perpetrou uma fraude enorme sobre a Igreja Católica Romana, que na época não se apercebeu de suas intenções. Essas suas atividades anti-maçônicas, eram altamente rentáveis para ele, financeiramente.

Além de seus livros anti-maçônicos, conseguiu ser recebido em audiência solene pelo Papa Leão XIII. Qualquer sugestão de ser um trote de Leo Taxil, era rebatida e compensada pelos depoimentos de altas autoridades da Igreja.

Seu esforço e embuste supremo foi a invenção de uma mulher "Diana Vaughan" acusada de ter nascido em 1874 como a filha do "Satã". Diana Vaughan, não existia, mas, através dele, foi uma escritora prolífica sobre assuntos anti-maçônico e recebeu grande publicidade e elogios entusiasmados dos chefes da Igreja Católica. 

Esse assunto foi questionado no Congresso anti-maçônico realizada em Trient em 1896, e um comitê foi criado para determinar a veracidade do mesmo de uma vez por todas. Taxil produziu, falsamente, uma "fotografia" da Miss Vaughan na Conferência.

Eventualmente, em 1897, numa reunião convocada por ele em Paris, Taxil informou diante de um imenso público, que ele havia conseguido perpetrar o maior embuste dos tempos modernos; que Diana Vaughan nunca havia existido e que, por 12 anos ele tinha enganado a Igreja Católica Romana, da maneira mais flagrante. Quase foi linchado e fugiu com proteção da polícia local.

 De tempos em tempos, aparecem livros antimaçônicos, inspirados nas idiotices de Leo Taxil, ou de outro autor inspirado por ele. Na Maçonaria norte americana, igrejas fundamentalistas encontram, nesses livros, material para suas campanhas..

Toda a história é completamente fantástica, existe em diversos livros, e vale a pena ser lida em detalhes.


Fonte: PILULA MAÇÔNICA Nº 99






DOGMATISMO / DOGMA, MAÇONARIA ADOGMÁTICA - Newton Agrella



O Dogmatismo constitui-se num pressuposto teórico comum a diversas doutrinas e sobretudo religiões. 

Esse pressuposto afirma a capacidade humana de atingir o Conhecimento e a Verdade de maneira absoluta.

 "Dogma" é uma palavra grega que originalmente significa "opinião".

Sua etimologia advém de DOGMA-ATOS que se refere a qualquer doutrina de caráter inquestionável, ou seja; "aquilo que se pensa que é verdade".

O substantivo DOGMA é um derivativo do verbo "DOKEIN" que significa "parecer bom".

Feito este breve preâmbulo ilustrativo, cabe registrar que no que respeita à MAÇONARIA, a mesma não professa nem impõe dogmas.

A Maçonaria não se considera nem tampouco se intitula depositária de nenhuma "revelação".

Ela se reveste apenas de "Princípios".

Numa instituição os "princípios" são o conjunto de normas ou padrões. 

São fundamentos que servem como base e sustentação para sua existência.

Esses princípios se constituem, naquilo que os Maçons, quase que em consenso e em sua imensa maioria denominam Landmarks, ou seja; marcos regulatórios da Sublime Ordem.

Cabe registrar que a Maçonaria não condena o pensamento dogmático em sí, cabendo a cada maçom se arvorar no Dogmatismo como um um exercicio de liberdade de Pensamento, porém fora da Maçonaria, uma vez que se trata de uma instituição  de âmbito nomeadamente filosófico.

A Maçonaria Especulativa, que é o que se pratica em todo o mundo, dispõe de vários ritos, (conjuntos de cerimônias  e  procedimentos), porém não possui um caráter dogmático. 

Tratam-se de meios para se executarem ações cerimoniais baseadas em  influências e circunstâncias culturais, históricas, lendárias, geográficas e sociais.

O Dogma é uma afirmação categórica.

Trata-se na verdade de um conjunto de idéias e posturas irrefutáveis, que não permitem contestação ou outra interpretação, e por isso, se manifesta, sobretudo através das Religiões, Seitas e Credos.

Exemplos de DOGMAS:

*Para os Católicos:*

- A Santíssima Trindade

- A Imaculada Conceição

  (Virgem Maria)

- O Pecado Original (associado à culpa herdada pelo gênero humano que diz respeito à desobediência a Deus, o cometimento do mal simbolizado nas figuras de Adão e Eva)

*Para os Protestantes/Evangélicos*

- A única Autoridade é a Palavra de Deu

*Para os Judeus*

Os 13 fundamentos do Judaísmo

- A crença no Messias

*Para os Muçulmanos*

- a crença nos anjos criados por Alá

- a crença no Alcorão

- a crença no profeta Maomé 

- a crença na Predestinação 

Dá-se o nome de "Dogmatismo Moral" o conceito que entende como legítima a certeza pela Ação.

Em geral impõe a afirmação de doutrinas que não admitem em si mesmas, nada de imperfeito ou errado

O "Dogmatismo Moral" se opõe ao "Dogmatismo Intelectual".

O "Dogmatismo Intelectual" afirma a independência do nosso conhecimento quanto aos nossos interesses e sob o nosso viés pessoal.

Chama-se 'Dogmatismo Intelectual", as doutrinas que afirmam a capacidade de nossa mente e de nossa intelectualidade para alcançar a verdade no problema crítico. Uma forma semântica, mas principalmente eufemística de conceituá-la

Considerando que a Maçonaria é composta por "livres pensadores" que buscam a Verdade, obviamente ela não pode ser dogmática, visto que o caráter especulativo da Ordem estimula o exercício do pensamento e o fortalecimento da análise crítica como formas de aprimoramento da própria consciência, através da busca irrefreável e contínua de todas as questões que envolvem o desenvolvimento intelectual.

O Dogmatismo, de um modo ou de outro, impõe verdades e estabelece uma narrativa que impede questionamentos e inibe o exercício do raciocínio e da especulação.

A Maçonaria como instituição Iniciática, não impõe qualquer censura no que diz respeito às Crenças, Formas de Fé ou de Religião de seus membros.

Isto por si só, já demonstra e evidencia o caráter adogmático de sua essência.

Indispensável registrar que no que diz respeito à crença num Princípio Criador e Incriado do Universo a que os maçons se referem como G.'.A.' D.'.U .'.  isto é um legítimo atestado de inteligência que explica a nossa própria Existência e a tudo o que nos cerca bem como a essência da Filosofia Maçônica. 

É uma referência de Origem.

Lembrando que a Maçonaria é a Arte da construção que exalta o trabalho pelo aperfeiçoamento interior humano; combatendo a Ignorância, Vícios, Fanatismo e Preconceitos fazendo da virtude e do raciocínio instrumentos para despertar a Sabedoria, conquistar o Conhecimento e elaborar o aprimoramento da Consciência.



abril 01, 2025

ABRIL MOSTRA SUA CARA - Newton Agrella


Ainda que a origem deste nome seja relativamente obscura, ensejando algumas diferentes interpretações, fato é, que ABRIL, o quarto mês do calendário gregoriano, possui duas vertentes principais quanto a sua etimologia e significado.

Uma corrente de etimólogos é partidária do entendimento de que o nome  advenha do Latim  "APRILIS"  que significa "abrir" numa referência à germinação das culturas no Hemisfério Norte, pois lá, a estação do ano  é a Primavera.

Outra porém, entende que o vocábulo advenha de "Aprus", termo relacionado a "Afroditis", nome grego da deusa Vênus, que teria nascido de uma espuma do mar que, em grego antigo, se dizia "abril".

Independentemente destas especulações etimológicas, ABRIL é a abertura do Outono aquí no hemisfério sul.

Já que a abordagem dá conta sobre a abertura do mês de ABRIL neste ano corrente de *2025* da era vulgar, não custa lembrar que a origem do chamado 1o. de Abril, com Dia da Mentira, tem um componente histórico, cujas tradicões orais traduzem a seguinte narrativa:

Segundo relatos de alguns historiadores,  com a instituição do Calendário Gregoriano na França em 1582, em lugar  do Juliano, isso acabou causando um certa confusão entre as pessoas.  

Muitas, nem tinham sido informadas quanto à mudança, sem contar as limitações e dificuldades à época, para que as notícias ganhassem alcance.

Assim, o primeiro dia do ano, deixou de ser em Abril e passou para Janeiro.

Diante desta significativa mudança, a data passou a ser chamada pelos europeus como 1o. de Abril , Dia da Mentira. 

O fato alastrou-se por todo o continente e ganhando influência em todo o Ocidente.

Daí a analogia com a Mentira, e por conseguinte, as brincadeiras que surgiram baseados na referida data.

No Brasil, especificamente o mês da Abril registra as seguintes datas mais marcantes do ponto de vista histórico-cultural:

19/04  Dia do Índio

21/04  Tiradentes (herói nacional) e a data de fundação de Brasília, capital federal.

22/04  Descobrimento do Brasil

Ainda aqui no Brasil, em termos de Celebrações Religiosas, apesar do caráter móvel, habitualmente no mês de Abril comemoram-se a Páscoa (festa cristã) e o Pessach (festa judaica).

Apenas a título de curiosidade para fechar esse breve capítulo, vale lembrar que o calendário que hoje utilizamos trata-se de uma evolução do antigo calendário romano, em que vários meses ostentavam nomes de deuses pagãos. 


Que o majestoso azul celeste, tão típico de Abril, aqui em nosso hemisfério, bem como a leve queda de temperaturas, possam propiciar-nos dias melhores e mais felizes, estimulando nossas  disposições da alma a devotar nossos propósitos na busca incansável pela prática do bem.



DOS OPERATIVOS AOS ESPECULATIVOS: UM ELO PERDIDO - Rui Bandeira



Das várias teses sobre as origens da Maçonaria, a mais consensualmente aceite é que esta, na sua forma atual, geralmente referida como Maçonaria Especulativa, deriva das associações profissionais de construtores criadas na Idade Média. A essas associações designamos hoje por Lojas Operativas e ao conjunto de todas elas e regulamentos da profissão então instituídos referimo-nos por Maçonaria Operativa..

A forma como a transição ocorreu é normalmente referida como tendo decorrido da progressiva aceitação nas Lojas Operativas de elementos alheios ao ofício de construtor (proprietários, intelectuais), os chamados Maçons Aceites, que progressivamente foram aumentando de número até dominarem as Lojas Operativas e as transformarem nos centros de debate, estudo, fraternidade e aperfeiçoamento que hoje associamos ao conceito de moderna Loja maçônica.

Não colocando em causa, genericamente, este entendimento, sempre mantive algumas perplexidades sobre a forma de evolução e, sobretudo, sobre a forma como a realidade antiga veio a gerar precisamente a nova realidade, tal como a conhecemos. Desde logo, esta hipótese da evolução dos fatos, sendo possível para uma Loja, torna-se muito mais improvável para um conjunto de Lojas, geograficamente dispersas. Quais as probabilidades de o lento processo de integração de Maçons Aceites originar, mais ou menos ao mesmo tempo, o domínio por estes de todas as Lojas Operativas geograficamente dispersas? E de lhes ser conferidas, a todas, precisamente as mesmas características evolutivas? Parece óbvio que a resposta deve ser um número muito próximo do zero… Algo falta. Falta, seguramente, um elo na cadeia factual, algo que veio a possibilitar e a favorecer a mudança.

As associações profissionais medievais, após o fim da Idade Média, o advento da imprensa e  aumento da possibilidade de circulação e aquisição de conhecimentos, estavam em franco declínio. No início do século XVII, as Lojas Operativas estavam em processo de enfraquecimento, que, normalmente, levaria à sua extinção. As técnicas de construção e os conhecimentos geométricos a elas subjacentes não eram já  monopólio dos construtores associados. Muitos outros sabiam construir e construíam e competiam pela obtenção de contratos com os profissionais associados. Nesse clima, afigurasse-me que a aceitação de proprietários locais, de burgueses de outros ofícios ou intelectuais com prestígio local foi uma tentativa desesperada de procurar manter a máxima quota de mercado possível na órbita das Lojas Operativas. Mas tal dificilmente travaria o declínio e o inexorável caminho para o baú que a História reserva para o que perdeu a sua razão de existir. Com ou sem Aceites, as Lojas Operativas estavam condenadas.

Em toda a primeira metade do século XVII não há mudanças significativas da situação. Em cada região, a respetiva Loja Operativa lutava pela sobrevivência e procurava juntar a si elementos estranhos ao ofício. Era através da convivialidade, da integração social que os Operativos procuravam manter o seu mercado, sempre acossados por construtores não associados, capazes e competitivos, designadamente, em matéria de preço.

Até que, na segunda metade do século XVII, algo muda! O que declinava, passou a florescer. Não só as Lojas Operativas, agora essencialmente conviviais, não desapareceram, como surgiram outras novas e os seus objetivos mudaram: de meras organizações profissionais, passaram a, com a marca distintiva da união e da fraternidade, centros de debate, estudo e auxílio mútuo no aperfeiçoamento (desde logo cultural e, genericamente, em matéria de aquisição de conhecimentos e competências). 

Mais: florescem nas zonas urbanas mais desenvolvidas. As quatro Lojas de Londres que decidiram unir-se na Grande Loja de Londres em 24 de junho de 1717 não eram as únicas de Londres e Westminster. Em 1722, aquando da aprovação das Constituições de Anderson publicadas em 1723, a Grande Loja de Londres agregava já vinte Lojas. Era manifestamente impossível que quatro Lojas lograssem quintuplicar o seu número em escassos cinco anos. Logo, o que sucedeu foi a junção de outras Lojas, já existentes, ao projeto iniciado pelas quatro pioneiras. O que nos conduz à conclusão de que, seguramente, mais de uma dezena de Lojas existiam só na zona de Londres, no início do século XVIII.

Em meio século, em duas gerações, a vereda do declínio transforma-se na ampla estrada do crescimento. No entanto, o ambiente social era tudo menos propício! Entre 1640 e 1650, trava-se em Inglaterra uma dura guerra civil e religiosa, entre os católicos partidários dos Stuarts e os parlamentares, maioritariamente protestantes, liderados por Oliver Cromwell, no âmbito da qual Carlos I perde, literalmente, a cabeça e o seu filho, Carlos II, é obrigado a exilar-se, para que não sofra idêntica, e certamente inconveniente, perda. Em 1660, Carlos II logra retomar o poder para os Stuarts, o qual mantém até à sua morte, em 1685, mas sempre em confronto com os parlamentares. Em 1688-1689, dá-se a chamada Revolução Gloriosa, pela qual o sucessor de Carlos II, o católico Jaime II, é apeado do poder, em benefício de sua filha, Maria II e do seu genro, o holandês e protestante Guilherme, príncipe de Orange. São cinquenta anos de lutas, de tensão, de derramamento de sangue e de destruição, nada propícios a uma pausada e lenta transformação de estruturas vindas da idade Média!

Qual foi então o catalisador, o fator que transformou mais do mesmo – o progressivo declínio das Lojas Operativas, afetadas do mal da irrelevância pelo progresso e evolução sociais – numa nova e pujante realidade, como se veio a revelar a Maçonaria, no meio de convulsão social, guerras e revoluções?



março 31, 2025

UMA TÊNUE E SINGELA PERGUNTA - Newton Agrella




Para nós maçons, independentemente de Rito, Obediência ou Potência, será que é possível tornarmo-nos uma versão melhorada de nós mesmos ?

Talvez isso seja possível, a partir do momento que nos dermos conta de que fazemos parte de uma instituição humanística, nomeadamente filosófica e de caráter eminentemente "especulativo", ou seja; que insta-nos a buscar o Conhecimento e a Verdade através de um processo contínuo do exercício do Pensamento e da Investigação ontológica permanente.

Isto, de algum modo,  significa cuidar da mente, como a propriedade mais preciosa que a vida nos faculta.

Somado a isto, despertar para o fato de que a Maçonaria oferece-nos caminhos inteligentes para que possamos percorrer uma jornada de graus, que paulatinamente, força-nos a nos superarmos como seres humanos.

Sermos gentis conosco ǰá se constitui num bom exercício.

Perceber que ser autêntico, respeitando a sí mesmo e aos outros é um enorme passo para a evolução.

E além disso tudo, ter a humildade de aprender com os próprios erros.

Quem sabe ainda, que para tornarmo-nos uma versão melhorada de nós mesmos, tenhamos que nos esmerar em manter uma atitude positiva diante da vida, pois só assim abrimos espaço para construir de maneira profícua e consistente o nosso próprio templo.

O maçom, como o próprio significado da palavra traduz, é um construtor social, e o alicerce tem sua base de sustentação em sí mesmo.

A construção impõe cálculos geométricos, raciocínio, segurança, estabilidade, arte e estilo.

É claro que a inspiração é uma disposição da alma que não pode ser desprezada. 

Porém, para tornar a construção do próprio templo cada vez melhor é necessário abdicar de dogmas e reafirmar a capacidade do Pensamento e da Lógica como fatores determinantes para a própria evolução e aprimoramento consciencial.

Afinal, nem só da Fé vive o homem.



SIMBOLISMO DAS ROMÃS





A importância da romã é milenar – aparece nos textos bíblicos e está associada às paixões e à fecundidade. Os gregos consideravam-na como símbolo do amor e da fecundidade. A árvore da romã foi consagrada à deusa Afrodite, pois acreditava-se nos seus poderes afrodisíacos. Para os judeus, a romã é um símbolo religioso com profundo significado no ritual do ano novo.

Quando os judeus chegaram à terra prometida, após abandonarem o Egito, aqueles que foram enviados voltaram carregando romãs e outros frutos como amostras da fertilidade da terra prometida. Ela estava presente nos jardins do Rei Salomão. Foi cultivada na antiguidade pelos fenícios, gregos e egípcios. Em Roma, a romã era considerada nas cerimónias e nos cultos como símbolo de ordem, riqueza e fecundidade.

A bebida extraída da romã entrou para a história durante o reinado de Salomão, em Israel. Ele mandou esculpir a fruta no alto das colunas de seu templo, onde hoje se encontra o Muro das Lamentações, em Jerusalém. Era para lá que os judeus levavam as romãs e outros alimentos sagrados na Festa de Pentecostes. Há ainda a crença de que uma romã possui 613 sementes, o mesmo número de mandamentos escritos da “Torá”.

Entre os plebeus, a romã ganhou outros significados, como amor, união, casamento e fertilidade, todos relacionados com a grande quantidade de sementes que a fruta contém e à forma harmoniosa como se entrelaçam na sua polpa – na Grécia, por exemplo, era comum as mulheres consumirem romã em eventos religiosos para evocar a fertilidade.

A relação das Romãs com a Ordem Maçônica está na adopção, pela Ordem, do Templo de Salomão como modelo dos seus Templos. Na busca de uma definição simbólica e perfeita para o Templo que cada um de nós tem em si próprio, a Bíblia fornece aos Maçons o Templo de Salomão, símbolo de alcance magnífico.

Todo o templo maçônico, incluindo o soalho, as paredes e o teto, é contemplado no Painel, tendo na sua composição duas colunas, sobre as quais estão plantadas Romãs.

Na maçonaria as romãs são mostradas através de três romãs entreabertas, no topo das colunas J e B. As “romãs da amizade” representam a prosperidade e a solidariedade da família maçônica. Ela é também vista como a unidade que existe entre todos os maçons do universo, da mesma forma que as suas sementes, sempre juntas e proporcionando uma acomodação ímpar, acolhendo todos. A sua simbologia é muito semelhante à Corda de Oitenta e Um Nós.

O grande número de grãos que a romã possui e a sua propriedade afrodisíaca, fez com que a mesma fosse considerada, na simbologia popular, como sendo a representante da fecundidade e da riqueza. Este talvez seja o significado mais correto para as Romãs colocadas sobre as colunas de Salomão. No entanto também são simbolizadas como sendo a força impulsionadora para o trabalho e dispêndio de energia.

Na Maçonaria, os grãos da Romã, mergulhados na sua polpa transparente, simbolizam os maçons unidos com a energia e a força necessárias para realizarem o trabalho. Os grãos da romã simbolizam a união dos maçons nos seus vários aspectos: o fisiológico, porque cada grão possui “carne”, “sangue” (o suco) e “ossos”, (as sementes).

Os grãos crescem unidos de tal forma que perdem o formato natural, que seria redondo; espremidos uns aos outros, são semelhantes a polígonos geométricos, com várias facetas; são lustrosos e belos, lembrando os favos de uma colmeia de abelhas; as abelhas trabalham sem descanso e assim lutam os maçons.

A Romã expressa, na sua coloração, a realidade. A coroa de triângulos ou coroa da virtude, do sacrifício, da ciência, da fraternidade, do amor ao próximo, está colocada numa extremidade da esfera. Simboliza o coroamento da obra da Arte Real. A flor rubra representa a chama do entusiasmo que conduz o aprendiz ao seu destino, iluminando a sua jornada.

As cores da Romã simbolizam: o verde, o reino vegetal; a amarela, o reino mineral; e a vermelha, o reino animal. As membranas brancas, que não constituem cor, mas a mistura de todas as cores como as obtidas quando o raio transpassa o cristal formando o arco-íris, simboliza a paz e o amor fraterno.

Em suma, a romã simboliza a própria Loja.

A romã é um dos símbolos mais autênticos e tradicionais da nossa Ordem. Nos nossos templos em que Colunas simbolicamente unem a terra com o céu, onde, ostentam as frutas da união – como uma dádiva, como favos de mel das abelhas, cheias de pureza e de beleza, sadias e como uma das mais perfeitas criações da natureza.

Cada romã passou a ser a representação de uma Loja e da sua universalidade. As suas sementes, como vimos, representam os Irmãos unidos pelo que é bom, pelo que é sábio, pelo que tem força e beleza, e pelo ideal comum.

A principal lição que devemos levar sobre as romãs está na forma como as sementes se mantêm unidas “ombro a ombro”. Apesar de seus formatos e tamanhos diferentes, as sementes apoiam-se em perfeita união. São inúmeras e, como nós, espalham-se pelo planeta.

Cada Maçom deve zelar para que a árvore da Maçonaria venha a produzir frutos não afetados por pragas e doenças, e a união deve reinar no nosso meio, visando o bem comum.

Fonte: Arte Real – Trabalhos Maçônicos